sexta-feira, 29 de abril de 2011

Entrevista com André Lux

Publico abaixo, a quarta entrevista deste blog. O entrevistado da vez é o jornalista e blogueiro jundiaiense André Lux.
Lux acaba de lançar um jornal, a Folha do Japi, com um viés crítico e diferente dos demais veículos da região.
O nome de André Lux entrou nos principais debates de Jundiaí por entrar em conflito com o atual editor-chefe do JJ (Jornal de Jundiaí), além de vencer – nos tribunais -, um processo que sofreu da prefeitura de Jundiaí. Mais uma boa entrevista de mais uma figura da esquerda local.

Japi pelo prisma da esquerda: Conte um pouco sobre sua história política e profissional.
André Lux: Sou formado em Jornalismo pela PUC (Pontifica Universidade Católica) de Campinas, em 1995. Trabalhei por dois anos na TV Bandeirantes de Campinas, e posteriormente fui convidado para trabalhar em uma empresa de autopeças, como assessor de comunicação e desde então passei a atuar nesta área. Apesar de ser de esquerda desde a primeira eleição de Lula para presidente, em 89 - quando perdeu para Collor, só comecei a atuar realmente nesta área em 2005, quando me filiei ao PT (Partido dos Trabalhadores) e depois quando passei a prestar serviços para a área de assessoria de comunicação do deputado Pedro Bigardi, neste período me transferi para o PCdoB (Partido Comunista do Brasil). Hoje não estou mais filiado a nenhum partido e nem tenho ligação com qualquer político, pois como editor do Jornal Folha do Japi, entendi que não seria ético manter esses laços partidários.
Japi pelo prisma da esquerda: O que é ser jornalista para você?
André Lux: Jornalismo para mim é uma profissão que deveria ser o quarto poder, ou seja, fiscalizar os outros três poderes da maneira mais objetiva possível. Não imparcial, pois isso não existe, mas deixando claro aos leitores em editoriais qual é a linha ideológica que o veículo defende. Além disso, o jornalista deveria estar sempre do lado dos mais fracos, dos injustiçados, dos pobres e marginalizados pelo sistema capitalista. Infelizmente, hoje em dia são raros os jornalistas e os veículos de comunicação que chegam perto disso. Existem exceções, mas são cada vez mais raras – principalmente entre os mais jovens, que parecem sair da faculdade com uma única ideia na cabeça: ganhar dinheiro e ficar famoso, de preferência trabalhando na famigerada Rede Globo.
Japi pelo prisma da esquerda: Hoje existe um movimento forte na blogosfera encabeçado por jornalistas e ativistas políticos que se denominam “blogueiros progressistas”. Você administra um blog, o http://tudo-em-cima.blogspot.com, que tem um viés político combativo e é tido por muitos como um blog progressista. Você se considera um blogueiro progressista? E o que é ser progressista na blogosfera?
André Lux: Comecei minha atuação na internet em 2005, no auge do factóide conhecido como “Mensalão”, que foi na verdade uma tentativa de golpe da direita e seu braço midiático contra o Lula. Naquela época, muita gente sentiu que era hora de romper a ditadura midiática imposta pela meia dúzia de famílias reacionárias que dominam a comunicação de massas no Brasil. Começou daí a formação de várias frentes de batalha na internet, principalmente no Orkut e nos blogs, contra esses veículos alinhados ao neoliberalismo e ao imperialismo estadunidense.
Para mim, ser progressista significa enfrentar os setores reacionários da sociedade e lutar por um mundo mais justo, com menos desigualdade e que traga progressos que possam ser realmente aproveitados por todos, sem colar em risco o nosso planeta.
Japi pelo prisma da esquerda: Na última terça-feira (18), foi criada a Frente Parlamentar pela Liberdade de Expressão e o Direito à Comunicação com Participação Popular (FrenteCom) na Câmara Federal, que tem como finalidade: lutar pela democratização da comunicação, onde a principal bandeira é a regulamentação da mídia.  Qual é a sua opinião sobre a regulamentação da mídia?   
André Lux: Sou totalmente favorável à regulação da mídia. No Brasil temos casos absurdos de abusos de poder midiático, com reputações de pessoas sendo incineradas em editoriais tendenciosos ou em notícias inventadas a toda hora sem que qualquer punição seja aplicada. Em países do dito “primeiro mundo” muitos jornalistas e vendedores de opiniões estariam na cadeia ou pagando altíssimas multas por metade do que fazem aqui no Brasil. O mais interessante é observar essa imprensa corporativa, que busca o lucro acima de tudo e de todos, gritando que querem aplicar “censura” toda vez que se toca nesse assunto da regulamentação. Mais uma vez, basta analisarmos o que acontece nos países do dito “primeiro mundo” para perceber que lá a regulação existe e é bem rigorosa.
Japi pelo prisma da esquerda: Você é um grande crítico da imprensa jundiaiense. Em sua opinião quais são as principais falhas da imprensa local?
André Lux: Há alguns anos eu cheguei à conclusão que precisava me informar mais e melhor sobre o que acontecia em Jundiaí. Assinei, portanto, um dos três “jornalões” da cidade – o que diziam ser o “menos pior”. Infelizmente, percebi rápido que o jornal apenas trazia notícias e opiniões enviesadas, sempre a favor da direita e contra a esquerda - principalmente sobre a política local. As matérias muitas vezes davam toda a impressão de terem sido enviadas prontas da assessoria de imprensa da Prefeitura do PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira), de tão “chapa branca”. E os editorais então? Cheguei a ler nove editoriais seguidos que criticavam algum aspecto do governo Lula e um que falava de um assunto genérico. Nenhum editorial sobre Jundiaí. A mesma coisa com as charges publicadas: de dez, nove contra o Lula e uma sobre um assunto genérico. Não que eu seja contra um jornal local criticar o governo federal, porém, é um total absurdo quando este jornal fica apenas malhando o governo federal por estar sob comando de um partido de esquerda, enquanto só traz notícias e opiniões positivas ou neutras sobre o governo municipal que é de direita. Isso é um desrespeito à minha inteligência, fato que me levou a cancelar a assinatura do jornal e buscar formas alternativas de informação.
Japi pelo prisma da esquerda: Como um veículo de imprensa deve se portar quanto ao poder público?
André Lux: Como eu disse, o Jornalismo tem que se portar como um quarto poder, ou seja, tem que fiscalizar os outros poderes da maneira mais isenta e objetiva possível. Não imparcial, porque isso não existe, mas justamente por isso tem que respeitar os princípios básicos do jornalismo, entre eles sempre ouvir os dois lados. Infelizmente, isso não ocorre nem aqui em Jundiaí nem em outros veículos que fazem de tudo para se venderem como “imparciais” enquanto manipulam as notícias em favor dos interesses dos grupos que dominam a política local.
Japi pelo prisma da esquerda: Você acabou de lançar um jornal semanal em Jundiaí, a Folha do Japi. Qual é a principal proposta deste projeto?
A proposta da Folha do Japi é retomar a seriedade do Jornalismo, trazendo matérias que fiscalizem e denunciem o poder público e que levem informações e promovam um debate sobre pessoas, entidades e assuntos que são ignorados pela chamada “grandes mídia” justamente por não se alinharem automaticamente aos dogmas corporativos defendidos por ela e ao alinhamento ideológico à direita. Também buscamos publicar opiniões críticas que divergem das vendidas pela imprensa corporativa como sendo “verdades absolutas”.
Japi pelo prisma da esquerda: Você é um cinéfilo. Qual é sua opinião sobre o atual cenário do cinema nacional?
Gosto muito de cinema. Um dos maiores prazeres que tenho é escrever sobre filmes, principalmente quando é para detonar um filme ruim (risos). O cinema nacional está numa boa fase, conseguindo fazer filmes que atraem o grande público. Acho que o mal do cinema nacional é que, durante um grande período, foi incapaz de se comunicar com o grande público, fixando-se muito em pornôs chanchadas de péssimo gosto e em filmes panfletários ou altamente politizados. Não sou contra o cinema politizado, pelo contrário, mas acho que isso tem que ser feito de uma maneira atraente também para a grande massa, caso contrário vira só papo cabeça para meia dúzia. Acho que desde que a esquerda chegou ao poder com Lula, o cinema passou a ser mais valorizado como produto cultural do país e tivemos bons filmes sendo produzidos com auxílio de recursos governamentais, alguns deles inclusive que falavam sobre os crimes e as torturas cometidas durante a ditadura cívico-militar que começou em 1964 e durou 21 anos.

domingo, 24 de abril de 2011

Mendigo morre queimado em Jundiaí: o que devemos fazer?

Lide com o poder público local
O produto ilusão, vendido por alguns em Jundiaí, está esgotando-se devido a um concorrente impiedoso: a verdade. É de conhecimento de todos, que não fazem da cidade um mero dormitório, a existência de criminalidade no município, apesar de um jornal zerar índices – vide edição nº4 do Jornal Folha do Japi -, a falta de leitos hospitalares, vagas para as crianças nas creches, alto-índice de submoradias, especulação imobiliária e falta de transparência do poder público local em detrimento as excelências, dos serviços públicos, vendidas em campanha publicitária produzida pela agência do publicitário Duda Mendonça.
Vivendo a cidade
Fatos tristes têm ocorrido em nossa cidade; na semana retrasada uma reportagem do Jornal Bom Dia denunciou que presos estavam sendo amarrados em um pilar de uma delegacia. Outro fato, ocorrido neste último sábado (23), também é preocupante, pois o corpo de um mendigo foi encontrado carbonizado no coreto da praça da igreja da Vila Arens.
Segundo reportagem do Jornal Bom Dia, o delegado responsável, Fernando Bardi, disse que diversos moradores de rua freqüentam aquela praça e todos serão investigados. Dificilmente descobrirão o autor desta barbárie, que mesmo sendo – eventualmente -, um suicídio – que eu não acredito -, é uma falha da sociedade.
Jundiaí é uma cidade, majoritariamente, de classe média, o que torna os menos favorecidos marginalizados, pois se trata de uma realidade distante da maioria da população, onde a pobreza é preferencialmente esquecida por aqueles que não padecem da mesma, tornando os focos de pobreza verdadeiras ilhas em meio ao desenvolvimento.
A verdade é que a classe média preza pela exclusão dos problemas e não pela resolução, tudo é esquecido ou retirado pela força e não resolvido. O poder público, em todas as esferas, tem obrigação de criar políticas públicas para todos os segmentos da sociedade, inclusive para os mendigos, sem-teto, sem-terra, prostitutas, travestis e drogados, ou seja: todos e principalmente os mais necessitados.
A pergunta que fica sobre para este caso do mendigo morto, em especial, é sobre quais são as políticas que o município oferece aos moradores de rua e se a Casa Santa Marta é o único amparo que estes cidadãos têm, pois a filantropia não pode ser onerada por uma falha do poder público.
Um município que ostenta um Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) acima da média, como Jundiaí, tem de provar, via políticas públicas aplicadas, o porquê do resultado.
Acredito que este assunto deve ser discutido na Câmara Municipal, pois um ser humano foi morto de uma forma cruel, abandonado em um bairro tradicional da cidade. A população de Jundiaí tem de cobrar, do poder executivo e do poder legislativo, sobre o que existe e o que deve ser criado na lei orgânica para proteger estes homens e mulheres esquecidos pela sociedade.
Por isso que o produto ilusão está sendo superado, pois todos sabem que Jundiaí tem muitos problemas, onde todos podem ser resolvidos, porém, em uma sinergia entre população e os governantes, mas para isso é necessária transparência para que a participação atinja todas as classes sociais. Fazer com que as oportunidades sejam para todos, de verdade. 

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Solicitude demasiada

Qual é a principal função de um jornal? Informar, diriam os mais românticos, propagar, diriam os pragmáticos, vender, diriam os realistas, mentir e inventar, diriam os agnósticos.
Na minha concepção, a função seria informar, mas isto somente Gutenberg fez, doravante todos informaram, propagaram, venderam e mentiram, pois ninguém consegue escrever sem perspectiva ou ideologia. Se o pensar traz a existência, o observar traz a perspectiva, que busca na ideologia, a fundamentação para análise.
Estamos na era do jornalismo yuppie, o que para alguns é inevitável. Ser diferente vai fazer o jornalista ficar desempregado por mais tempo e qualificar-se melhor, mas não é tão ruim assim.
Para fugirmos da prostituição ideológica, obriguemos que os jornais aceitem o pluralismo ideológico - fato que só vai ocorrer quando houver união na classe -, ou seja, será uma árdua luta, e a desistência, em tais circunstâncias, será considerada uma nuance de leve desvio de caráter, ou não.
Em Jundiaí, a imprensa, com poucas exceções, tem posição: conservadora e pelega do Prefeito Miguel Haddad (PSDB) e do partido ao qual ele pertence, acredito que como empresas privadas, eles (os jornais) não estão cometendo nenhum crime, mas como cidadãos sim, pois para defender suas posições, escondem alguns fatos e supervalorizam outros.
A semana passada foi de grande agitação política, pois houve uma audiência pública – organizada pelo Movimento Jundiaí Livre -, com autoridades presentes, inauguração do escritório regional de um deputado eleito por 60 mil votos da cidade e um encontro do PSDB.
O único evento que mereceu atenção dos jornais foi o encontro do partido do prefeito, sendo que ninguém, dos 3 maiores jornais da cidade, esteve presente na audiência pública e  no lançamento do escritório do deputado, eventos que contaram com muito mais autoridades que o referido encontro.

Fica a pergunta: os jornais estão exagerando na solicitude ao poder público local ou apenas praticando o jornalismo yuppie? Talvez as duas respostas sejam cabíveis, mas que algo está sendo aplicado em doses cavalares, em um exagero constrangedor.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Abuso no 3º DP de Jundiaí

O Jornal Bom Dia denunciou, e este blog tem o dever de divulgar, sem precisar ser imparcial, expondo a indignação diante de um fato tão inconstitucional, indigno e excludente.
Nesta semana, cerca de seis presos ficaram algemados em um tronco no 3º Distrito Policial de Jundiaí, a imagem do jornal mostra um homem negro, aparentemente com mais de 50 anos, de olhos fechados, em total humilhação.

O jornal entrevistou dois presidentes de comissões da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Cássio Cubero, dos Direitos Humanos, e Paulo André de Ferreira Alves, de Assuntos Penais .
Ambos consideraram a imagem “um horror” e manifestaram total discordância quanto ao procedimento aplicado. “São cenas que causam constrangimento e que atentam à dignidade da pessoa, pois presos têm de ser tratados como seres humanos e não assim”, afirmou Cubero.
Alves manifestou-se quanto ao caráter ilegal do ato. “Quando é preso em flagrante ou tem mandado de prisão, o uso de algema é permitido. Mas o preso não pode ficar em um pilar de madeira e sem pelo menos um banco para sentar”, disse.

A OAB de Jundiaí entrará com representação junto ao Ministério Público (MP) e vai acionar o 3º Distrito.  Os entrevistados pelo jornal ficaram surpresos por ser na delegacia gerida por Luiz Carlos Branco Junior.

Conheço o doutor Branco e sei que ele não compactua com atentados contra os direitos humanos. O problema todo está na falta de estrutura da polícia, que abre um prédio gigante na 9 de Julho, mas não vê uma situação dessas na Ponte”, disse Cubero.

A sociedade civil precisa manifestar-se quanto ao abuso praticado, mostrando que a polícia que vigia também é vigiada.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Movimento Jundiaí Livre: Debate sobre mobilidade urbana

Apresentação
O Movimento Jundiaí Livre realizou seu segundo ato, após o lançamento oficial do movimento no dia 18 de fevereiro. Desta vez, o tema da discussão foi: mobilidade urbana, e para enriquecer o debate foi convidado o ex-secretário de transportes de São Paulo, da gestão da prefeita Luiza Erundina – Lúcio Gregori.
Além de ex-secretário de transportes, Lúcio é engenheiro aposentado da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), ex-diretor da Emplasa de São Paulo, ex-diretor de planejamento da EMURB e ex-secretário de serviços e obras da cidade de São Paulo.
Uma pessoa extremamente preparada para conduzir o debate, e como não podia ser diferente, fez da audiência um grande ato de discussão do trânsito da cidade de Jundiaí, apresentando suas concepções de transporte e mobilidade do macro para o micro, até chegar à realidade local.
Explicando sobre mobilidade urbana
Lúcio iniciou sua explanação trazendo uma analogia entre mobilidade urbana e mobilidade social, externando sobre a correlação de ambas e ratificando que o aspecto social é determinante para mobilidade urbana.  O dado determinante apresentado é que quanto maior é a renda, mais vezes o indivíduo irá se locomover pela cidade.
Ou seja: o sujeito de menor renda não tem tanta necessidade de locomoção, pois suas atividades são restritas, normalmente o único fator que o faz sair de sua residência é o fato de ir ao trabalho, em detrimento ao sujeito da classe média, que estuda e tem momentos de lazer, além do trabalho.
Transporte público
Quanto ao transporte público, Lúcio fez referência ao Artigo 6º da constituição, cujo texto diz:
“São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição”.
Pois tal artigo tem como finalidade ratificar os direitos tidos como inexoráveis pela carta magna brasileira, e como pode ser visto transporte não consta no texto, o que de acordo com Lúcio é um grave erro, pois não existe ir e vir sem direito ao transporte, que é fundamental para o direito de progresso social de qualquer cidadão.
Paradigma
O maior paradigma do transporte público é a tarifa, segundo Lúcio, pois o atual método já está enraizado no inconsciente da grande maioria das pessoas, onde pagar por um serviço público é feito com total naturalidade, sem qualquer questionamento.
Nos outros serviços públicos já existe a consciência da população sobre seus direitos, pois ninguém aceitaria pagar por uma consulta do Sistema Único de Saúde (SUS) ou por um serviço policial, mas pelo transporte público se paga, explicou o palestrante.
Outro grande engano é quanto à política de subsídios, pois existe um grande paradigma quanto aos subsídios providos pelas 3 esferas de governo, onde qualquer incentivo fiscal provido trata-se de um subsídio, mas quando o assunto é transporte, a complexidade é exaltada pela tecnocracia como fundamento determinante para a não aplicação. Pura falácia segundo o palestrante.
Os subsídios ao transporte iriam dar possibilidade de intervenção ao estado, não ficando refém dos contratos com as empresas, que tem na tarifa a garantia do lucro e desta não abrem mão.  Assim o fetiche pela tarifa no transporte iria acabar, partindo do empresário, que não seria tão lesado, até chegar ao usuário. A verdade é que o estado deve assumir seu papel de responsável pelo serviço.
Veículo próprio ou transporte coletivo?
Existe no inconsciente coletivo, devido às campanhas publicitárias das últimas 5 décadas, um raciocínio lógico que de modo alegórico diz o seguinte: aquele que tem carro próprio é vencedor e o que é usuário do sistema de transporte público é perdedor.
 Fato este que faz com que o fetiche do carro próprio seja uma epidemia perene, mas não apenas por culpa do cidadão comum, mas do estado que não tem força para qualquer intervenção – no atual modelo de gestão – pela melhoria de qualidade do serviço do transporte coletivo, o contraponto do carro próprio.
Ademais, existe por parte de algumas políticas públicas todo um viés de incentivo pela utilização do veículo próprio, como, por exemplo, os altos investimentos na malha viária em detrimento à baixa valorização das calçadas, dando mostra clara que o foco é aquele que pode se locomover com seu carro. No Brasil, a rua, avenida ou rodovia é de responsabilidade do estado, já a calçada é do usuário.
A indústria automobilística, as petrolíferas e metalúrgicas são empresas extremamente interessadas no sucesso dos automóveis, tanto que nos Estados Unidos, a General Motors (GM) comprava as empresas de ônibus e as fechava, forçando – cada vez mais, o uso do carro próprio.
Em suma, a baixa qualidade do transporte coletivo é o maior incentivador da utilização do carro próprio, restringindo o coletivo para as classes mais pobres, segundo Lúcio - existem interesses muito grandes quanto ao insucesso do transporte público que garante o lucro das grandes automobilísticas.
O grande detrator (pragmático) das dificuldades de mobilidade nas grandes metrópoles são os carros, onde o número cresce cada vez mais, em algumas cidades alcançando o índice de 2 carros por habitante. Algo que só será resolvido com um transporte público de qualidade e gratuito.
Jundiaí
 Lúcio Gregori é morador de Jundiaí há alguns anos, e domina a estrutura da cidade. Iniciou sua fala dizendo que Jundiaí padece de problemas que assolam a maioria das cidades proeminentes economicamente, e reiterou: a força motriz do caos da mobilidade urbana em Jundiaí é o tripé especulação imobiliária, automóveis e desenvolvimento urbano.
Onde não existe um controle da especulação, não existe incentivo da utilização do transporte público e tampouco um planejamento em desenvolvimento urbano. Além dos grandes erros estruturais da cidade, que tem sua rodoviária afastada de qualquer terminal, e regiões com concentração de terminais e regiões afastadas dos terminais.
Citou como exemplo a Avenida Nove de Julho que perdeu parte de uma calçada para a implantação de mais uma via para automóveis. Segundo Lúcio, a administração Jundiaí tem cometido uma série de erros estruturais que contribuíram para a atual situação de mobilidade.
Um dos principais enfoques de Lúcio é de que a questão do transporte, em qualquer esfera, deve ser tratada como uma questão política e não meramente técnica, ou seja: Jundiaí, como qualquer outra cidade, só terá melhorias em seu transporte público através da disputa política entre os interesses do estado e da iniciativa privada.  
Intervenções
 Após o término da exposição, foi aberto o espaço para perguntas e Lúcio respondeu sobre a conjuntura de Jundiaí e políticas públicas de transporte, elucidando sempre que depende do estado, fugindo da tecnocracia, a ação de melhoria do serviço à população.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Doce, rápida e sonolenta ilusão

Às vezes somos enganados pelo nosso sono, e isto acaba de acontecer comigo. A indignação e a ilusão vieram-me à tona, mesmo sem sentido, achei que o contraditório de minha postura crítica quanto à administração de nossa cidade, poderia, em fim, mostrar um resultado surpreende, e não ficar exaltando números que são superados por cidades com orçamentos menores.
Visito, de modo constante, os sítios dos principais jornais de nossa cidade, e enquanto estava no portal do Jornal de Jundiaí (JJ) me surpreendi com um link com o título: HADDAD: Número de vagas triplica em dez anos, conquanto pensasse na incongruência de tal fato, pensei que fosse a justa defesa pela falta de vagas em creches que assola nossa cidade, porém, ao abrir o link tive de lembrar-me da real competência de nossos administradores, ó terra querida Jundiaí!

Vejam o momento da ilusão:

Voltando para realidade:


sexta-feira, 8 de abril de 2011

Audiência pública sobre mobilidade urbana


O Movimento Jundiaí Livre promove uma audiência pública, na próxima terça-feira (12), a fim de discutir o quesito mobilidade urbana, analisando a situação do nosso município. O debate será realizado em um momento extremamente pertinente, pois Jundiaí vive dias caóticos no que se refere ao trânsito.
Recentemente, o vereador Durval Orlato (PT) levou à Câmara dos Vereadores um projeto que previa a suspensão por 180 dias de qualquer empreendimento imobiliário de grande porte até que dispositivos como o Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV), ferramenta legal e orgânica do município que visa criar estrutura para a expansão imobiliária, fossem aplicados, porém, por influência do prefeito, tal projeto, que havia sido aprovado em primeiro momento, foi rejeitado pelos catorze vereados da base do governo.
Perda de oportunidade: pois a Fundação Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados) divulgou, recentemente, o balanço da frota de Jundiaí, onde os números não são animadores. O número de veículos na cidade aumentou em 90 mil nos últimos oito anos, alcançando um total de 238 mil veículos neste momento.
Pergunta: quais foram as adequações estruturais realizadas pela prefeitura para suportar tal crescimento? Infelizmente, a resposta é desanimadora, pois de acordo com o ex-secretário de transportes (88-92), José Osmil Crupe, em entrevista concedida ao Jornal Folha do Japi, a especulação imobiliária cresceu aceleradamente de forma que a malha viária não acompanhou o inchaço das construções.
“Só foram feitas algumas intervenções em certas avenidas que foram construídas em gestões passadas”, analisa. Tal situação não é condizente com a propaganda feita pela prefeitura, e não é digna de uma cidade que ostenta um orçamento de 1, 1 bilhão de reais.
Por isso, a discussão é imprescindível para nossa cidade, e para melhor qualificá-la, o ex-secretário de transportes da cidade de São Paulo, na gestão da prefeita Luiza Erundina, Lúcio Gregori, foi convidado. Você que sofre com tal situação, está convidado a participar.  

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Ato pela reabertura imediata da Casa de Saúde em Jundiaí


Amanhã, 07 de abril, será comemorado o Dia Mundial da Saúde, e em Jundiaí teremos mais um ato pela melhoria da qualidade de vida da população, desta vez: pela saúde, em especial pela Casa de Saúde Dr. Domingos Anastácio.
Há 4 anos, a Casa de Saúde foi fechada pela prefeitura, pelo custo de R$ 10 milhões, a fim de que ali fosse instalado o tão aguardado Hospital Regional, porém, como já dito: 4 anos se passaram e nada aconteceu.
Pior: hoje Jundiaí tem uma defasagem de 170 leitos, e o Hospital de Caridade São Vicente de Paulo está sobrecarregado, onde os pacientes são obrigados esperar mais de 4 horas pelo atendimento.
Convite: às 10 horas da manhã em frente ao hospital irá ocorrer um ato em protesto ao abandono da Casa de Saúde. Você que é de Jundiaí está convocado para esta luta!

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Jornal Folha do Japi

Surge a proposta de um jornal independente e elucidativo para a população de Jundiaí

Uma boa notícia
Jundiaí tem novos horizontes desde 01 de abril de 2011, e digo isto com total convicção, pois em nossa cidade nenhum veículo de comunicação publica qualquer matéria sem a aquiescência dos membros do grupo majoritário que há mais de 20 anos estão no paço municipal.
O conhecido jornalista da cidade: André Lux - lançou o Jornal Folha do Japi na última sexta-feira, defendendo em seu projeto uma proposta ousada em uma terra de oligarquias enraizadas cujas convicções atuam no inconsciente coletivo de nossa população.
Histórico
Já tivemos alguém que ousou, pois existem relatos afirmando que no início dos anos 90, o Jornal de Jundiaí teve em sua cadeira de editor-chefe, um jornalista independente e de certo modo subversivo, que incomodou aqueles que estão no poder, porém, por interferência da prefeitura foi desligado do jornal, que posteriormente se adentrou ao conluio ideológico da imprensa local.
Expectativas
Estou muito animado com a proposta e espero que esteja nascendo um jornal da imprensa de Gutenberg, aquela que preza pela publicação da informação real, um jornal que denuncie os erros da administração local e acompanhe a atuação de todos os parlamentares eleitos pelo povo de Jundiaí, assim como publique as informações do dia-a-dia da cidade, prestando serviço à população.
Acredito que deverá ser um jornal que fuja das regrinhas (superadas) que imperam na imprensa local, ousando além do lead, sem esquecer que a pirâmide sempre deverá estar invertida, mas que a boa narrativa jornalística deve ser libertadora em cada matéria para o jornalista; enfim: teremos um jornal diferente.
Desafio
Somos humanos, demasiados humanos, por sinal, e por isto acredito que não existiu qualquer publicação completamente idônea na história da imprensa, pois o que diferencia o ser humano dos demais animais é sua capacidade analítica, onde se coloca perspectivas sobre o objeto observado, ou seja: quando o homem enxerga um fato, ele emprega seu viés inconscientemente, analisando e levantando perspectivas.
Embasado na premissa de que o homem é incapaz de ser totalmente idôneo, defendo que a idoneidade no jornalismo é pensar a matéria como a prestação de um serviço publico para a população, e assim o jornalista acaba se fixando cada vez mais na busca pela matéria idônea, chegando cada vez mais próximo do objetivo, mas nunca atingirá a plenitude nesta questão.
Segundo o jornalista Ciro Marcondes Filho: o jornalista deve ter coragem civil, e acredito que a Folha do Japi venha a ser a bandeira deste jornalismo valente em Jundiaí, pois acredito que a linha editorial deverá ser de coragem civil exacerbada, colocando a língua como barbárie e a notícia como mercadoria a serviço da população.