quarta-feira, 22 de junho de 2011

Um ditador chamado Julião

                  Vereador Julião é chamado de "ditador" por ativista do movimento negro

As poucas vezes que pude participar de reunião onde estavam presentes alguns vereadores, do município de Jundiaí, entre eles o presidente da câmara municipal de Jundiaí, indignei-me com a forma grosseira, a falta de democracia, de educação e de respeito com que Excelentíssimo senhor Presidente tem tratado alguns assuntos.
 Na primeira reunião o mesmo usou de uma grosseria ditadura tentando reprimir o doutor Eginaldo ao fazer um comentário quando o presidente da câmara disse “vamos deixar as coisas bem claras” e o doutor Eginaldo disse “ou escura”, frase muito usada nas reuniões do movimento negro.
 Isso mostra que “ou o poder subiu a cabeça deste cidadão, ou ele acredita estar acima do bem e do mal, pelo simples fato de estar Presidente da Câmara Municipal ou ele não tem educação mesmo”.
 Desta feita; sem um pingo de democracia e respeito pela população, o mesmo tentou silenciar um vereador e o publico presente na Câmara durante a sessão que vetou o aumento de salário dos vereadores, fato ocorrido na presença de mais de trezentas pessoas no plenário e amplamente divulgado por toda a mídia local.
O que me preocupa é que o mesmo não comete tal ato ditador somente no seu ambiente de trabalho, haja vista que no dia 17/06/11 após ouvir as opiniões da senhora Cristina no debate que ocorria no clube 28 de setembro, grosseiramente faltou com a diplomacia, com o respeito e com a educação ao dirigir-se a nobre cidadã de forma indigna tentando reprimir suas falas, levando o assunto para o lado pessoal, assustando a todos os presentes.
 O que me preocupa também é que o nobre vereador Presidente da Câmara se declara também cidadão de direito quando se fala nas cotas dizendo ser descendente de Índio, vindo de família humilde e pobre, ter estudado em escola pública onde seu pai era diretor, “a afirmação além da agressividade desnecessária em nada ajudou ao debate que se seguia normalmente, muito ao contrário, pois quando ele estudou tendo o pai na diretoria, já era privilegiado, uma vez que  diretor de escola sempre teve condição diferenciada da grande maioria, principalmente naquela época!”. Conheço muitas mães que foram faxineiras ou merendeiras em escolas públicas e os filhos não conseguem sequer estudar naquela escola! Conheço também diretores e diretoras de escola aposentados que tiveram boas condições financeiras e respeito da sociedade e as transmitiram a seus filhos.
Certamente o Presidente da Câmara e todos que se acham não negros que se acham detentores do direito de usufruir das cotas, ainda não entendeu o verdadeiro objetivo do atual prefeito quando promulgou a lei de cotas em 2002. Não é de se espantar, pois após tantos esforços para a adequação da Lei, sem resultados, acredito que até o atual prefeito não conseguiu enxergar a dimensão do seu feito, pois não vem fazendo nenhum esforço para adequar a referida lei visando à inclusão dos verdadeiros e visivelmente negros e negras, fato que acabaria com as ações dos afros – convenientes que, com atitudes e pensamento iguais ao do nobre Presidente, vem se beneficiando da lei de cotas pelo fato de seus antepassados serem negros ou usando como subterfúgios o fato da raça humana descender da áfrica.
 Há muito tempo vimos tentado modificar e complementar alguns textos da lei para melhorar o entendimento de seu contexto e nem sequer obtivemos respostas do executivo.
Agora! Como podemos fazer respeitar nossos direitos se aqueles por obrigação deveriam fazer cumprir ou fiscalizar sua efetividade, ainda se acha no direito de beneficiar-se deste?
Se estes ainda nos enxergam e nos tratam como inferiores a eles simplesmente por termos a pele mais escura que a deles ou pelo fato de exercerem um cargo público?
Não duvidemos que, a história se repete, não muda, os ditadores e os coronéis da ainda existem e estão soltos. O pior é que “nos ainda pagamos seus salários”.
Será que eles nunca vão entender que nós somos seus patrões, já que eles são funcionários públicos, pagos com os impostos que nos são “impostos”?”
Acredito que discordâncias a parte, o mínimo que o Presidente da Câmara tem obrigação de fazer é tratar os cidadãos e cidadãs com o devido respeito e com a dignidade que é nossa por direito. Pois, para mim, respeito não se impõe se conquista, assim como direito, após ser  conquistado e leis após serem  instituídas, se não forem cumpridas, é nosso dever e nosso o direito exigir sua efetiva e aplicação.
Vale lembrar que o assunto do debate era o não cumprimento da lei 10.639/03 e a efetividade da lei de cotas do Município.
Questionados sobre suas obrigações de fiscalizar o executivo, já que a Lei nº 10.639/03 sobre história da África e a lei nº. 5.745/02 sobre as Cotas de Jundiaí não estão sendo cumpridas, os vereadores presentes nada responderam.
Postura muito diversa foi a da vereadora Marilena Negro, que após os relatos afirmou que o tema relacionado à busca da igualdade precisa ser tratado com mais seriedade e com muita reflexão.
Oportunamente, o Dr. Eginaldo lembrou a conduta da Vereadora quando a DAE tentou descumprir a lei de cotas e o movimento negro local agiu imediatamente e foi acompanhado pela vereadora, resultando na obrigação da autarquia cumprir a lei. Nada disso seria preciso, bastava somente cumprirem a lei. Estamos chegando a mais um processo de eleição, por isso, temos que tomar muito cuidado a quem depositamos o nosso valioso voto sem acreditar em falsas promessas ou promessas que não poderão se cumpridas ao invés de comprometerem-se em fiscalizar, legislar para a população ao invés de legislarem em causa própria.

Jorge Reis Tarcísio
Presidente Vitalício do Conselho de Fundadores do Grupo Zama, Conselheiro Fundador da CAEEDIS, ativista do movimento negro e dos direitos humanos.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Está na hora de exercer a verdadeira liberdade de expressão em Jundiaí

Denunciando as vilanias do prefeito, a imprensa cumpre o seu papel

Jundiaí é uma terra de contradições. Muitos dizem que o prefeito Miguel Haddad é um grande homem, integro e cheio de qualidades administrativas que o faz ser um bom prefeito. Outros, tidos como antipáticos, o consideram um político ultrapassado, um péssimo administrador e pior: um praticante de vilanias. Sou um antipático, não por antipatia ao prefeito, mas por não aguentar mais tanta incompetência e falta de transparência.
Os grandes veículos de imprensa de nossa terra contribuem para com os amigos do Miguel, enaltecendo suas maquetes e comerciais produzidos pelo publicitário Duda Mendonça. Os veículos menores se arriscam no papel de prestadores de serviço à população, fazendo (ou tentando) algo mais próximo do jornalismo. E os blogueiros? Estes são aloprados, não economizam nos predicados ao prefeito, seja nas alturas do Tudo Em Cima, nas guerrilhas do Beduíno, no otimismo do Mais Jundiaí ou nos delírios do Japi Pelo Prisma da Esquerda, vez ou outra, o prefeito também toma um Pitaco Genérico.
Escrevo na madruga de segunda-feira. O frio está impiedoso em nossa cidade, como poucas vezes senti, mas inspirador, pois nunca se teve uma massa crítica tão criativa no torrão.  As redes sociais são terrenos frutíferos para a guerra ideológica que toma conta de Jundiaí, onde não existe censura editorial (como a sofrida por um tal “Aranha” em outrora), ou o risco de que seu jornal – produzido com tanto carinho e profissionalismo -, seja recolhido nas bancas antes de chegar à população. Ninguém mais é obrigado ler os editoriais escritos pelo “Paçoca” e seus devaneios causados pelo absinto tomado à beira rio.
A internet nos proveu a liberdade.  Uma liberdade prazerosa, que nos faz dormir pouco e viver tudo muito intensamente, pois militar pela causa avançada nunca foi fácil. Os tempos do paradigma do jornalismo imparcial estão ruindo, e o termo está ganhando – finalmente -, a categoria de lenda, onde a conscientização da incapacidade do homem de não empregar juízo de valor em qualquer objeto analisado está sendo desnudada. 
Manuel Carlos Chaparro, um dos portugueses da USP, explica tudo direitinho em sua Pragmática do Jornalismo, Ciro Marcondes Filho e sua excelência na análise materialista dialética, também, em diversas obras. Em suma, temos de nos conformar quando a linha editorial de um jornal não é a que gostamos, mas não podemos mais aceitar comentários balizados pela suposta imparcialidade. O jornalismo é humano, então, sofre de todos os males da espécie.
E este jornalismo, praticado pelos pequenos e aloprados, consciente de sua incapacidade de ser imparcial, vestiu a camisa de crítico, não por motivos pessoais para com o munícipe mandatário, mas por vontade de mudança, de alternância na cadeira maior do município e de mais seriedade com a população.
E como fazer isto? Fiscalizando todos os passos da prefeitura, preenchendo o espaço vazio, deixado pelos grandes jornais da cidade, de exercer a função de livre imprensa, que apura o fato sem ter de prestar contas a ninguém. Utopia? Não, questão de ousadia. Abaixe-se à ditadura do capital, onde o emprego é maior do que sua alma, ou a enfrente, com competência e persistência.
Qual é o combustível? As vilanias de Miguel, pois seus percalços administrativos não são novidade para ninguém, mas suas vilanias são requintadas, transvestidas nas mais diversas áreas, e aguçadas na especulação imobiliária, que é tão notória que causa constrangimento. Ou seja: muito trabalho tem de ser feito.
Uma convocação a todos os jundiaienses engajados nesta grande causa está sendo feita, não por meio deste artigo, mas pelas diversas manifestações de insatisfação de  nossa população. Os jornalistas, blogueiros e usuários das redes sociais estão convocados a exercer a verdadeira liberdade de expressão em Jundiaí.