terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Ousar lutar, ousar vencer


No dia 1 de janeiro, a democracia brasileira consolidou-se verdadeiramente, quando, pela primeira vez, a faixa presidencial cingiu ao ombro de uma mulher, eleita pelo voto direto e popular, fazendo a vontade da maioria da sociedade brasileira, principalmente das classes menos abastadas.
Os projetos de esquerda que vêm eclodindo em nossa America Latina deixariam, com certeza, o libertador Simon Bolívar feliz. Com certeza o pontapé para a virada de jogo – haja vista que as revoluções até então tinham fracassado – foi a revolução cubana, seguida pela vitória do comunista Salvador Allende no Chile, pela vitória de Perón na Argentina, pela revolução sandinista na Nicarágua, até chegar às vitórias dos dias atuais.
A revolução bolivariana de Hugo Chávez na Venezuela fez fomentar o movimento em tempos recentes, e assim Lula foi eleito no Brasil, assim como Nestor Kirchner na Argentina. No caso do Brasil, após perder três eleições, Luis Inácio Lula da Silva tornou-se presidente. Existiam lideranças, do seu próprio partido, que acreditavam que Lula não deveria ser mais o candidato, em 2002 – ano de sua vitória -, o que com certeza seria um erro histórico, pois Lula deixou a presidência com 87% de aprovação popular. E com certeza, ocupa o posto de melhor presidente da história do país.
O movimento de auto-afirmação hoje é uma realidade em toda a America Latina, e no Brasil o grande responsável por sua vitória foi o ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva. Que indicou sua sucessora, Dilma Vana Roussef, atual presidente do Brasil, que representa a continuidade do projeto de auto-afirmação.
Quando o nome de Dilma foi cogitado, boa parte da imprensa e da classe política apostava na sua suposta falta de carisma e capacidade política como motivos inexoráveis de fracasso, caso o PT de fato viesse apostar em seu nome. Tal informação incomodou até parte da militância de esquerda do país, que também temeu por um suposto despreparo. Mas Dilma provou exatamente o contrário, ao longo da campanha adquiriu imagem própria, apesar de estar sempre acompanhada do político mais popular do país, e priorizou a exaltação da força da mulher brasileira, enaltecendo o fato de que poderia ser a primeira mulher presidente do Brasil. Lula, enquanto candidato, defendeu a força do trabalhador, pois também seria o primeiro trabalhador presidente do Brasil.
A campanha foi uma síntese da divisão política do país, onde ao lado de Dilma e de sua coalizão de centro-esquerda, um aglomerado de dez partidos, praticamente estava o apoio de quase todos os movimentos sociais, e uma preferência clara das classes D e E.
Na contramão vinha seu principal adversário, o tucano José Serra, que gozava do apoio das elites por todo país. A classe média ficou dividida regionalmente, nas regiões mais conservadoras, Serra venceu, porém, por uma diferença pequena. Dilma ganhou fortemente no nordeste, faturou dois dos três principais colégios eleitorais do país, e fez uma forte disputa nos principais redutos tucanos.
No dia 31 de outubro, no escrutínio válido pelo segundo turno das eleições presidenciais, Dilma Roussef foi eleita presidenta da república, por 56% dos votos válidos. Naquele momento, sua biografa foi externada para todo o mundo, como jamais havia sido. A frente popular que havia conseguido eleger Lula conseguiu, com muito esforço também, eleger Dilma.
Dilma Vana Roussef nasceu em 14 de dezembro de 1947, e ainda na juventude interessou-se pelos ideais marxista-leninistas, lutando bravamente contra a ditadura instaurada no país em 1964, sendo presa e torturada. Militou no PDT de Leonel Brizola e Darcy Ribeiro no Rio Grande do Sul, onde, por meio deste, assume importantes funções nos governos de Alceu Collares e Olívio Dutra. Saiu em 2000 e filiou-se ao PT do presidente Lula. Em 2003 assume o Ministério de Minas e Energia, pasta pela qual havia desempenhado um excelente papel no Rio Grande do Sul, impressiona o presidente pela sua competência e rigidez e ocupa a vaga de ministra-chefe da Casa Civil em 2005. E então, chega à presidência do Brasil.
A vitória de Dilma representa a consolidação da vitória de toda uma geração que de forma direta ou indireta lutou pela democratização do país, representa a vitória das mulheres, dos mais necessitados e de um projeto desenvolvimentista que prioriza a distribuição de renda em prol da sonhada justiça social.
Na cerimônia de posse desta mulher de biografia ímpar, a nação emocionou-se por sentir que o Brasil, mais uma vez, caminhava para sua afirmação histórica. Da chegada no Rolls-Royce fechado ao Congresso, ao indelével discurso, ao desfile em carro aberto, ao encontro do presidente Lula, à passagem da faixa presidencial até seu discurso ao povo no Palácio do Planalto, quase todos os brasileiros sentiam que o país estava caminhando para um futuro próspero, que graças ao presidente Lula, hoje nos é tangível.
Este dia ficará sempre na memória de todos nós, e a emoção sentida marcará para sempre nossos corações, pois é dela que brota um orgulho patriota nunca visto antes nos brasileiros, com a certeza que esta guerreira irá lutar como fez em outrora, por todos, com preferência clara por aqueles que mais precisam.
O dia 01 foi o dia da ousadia e da luta, foi o dia da Dilma, foi o dia de todos nós brasileiros.

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